quarta-feira, janeiro 10, 2007

Votar SIM no próximo Referendo?

Ou votar "não", ou abster-se. Mas em consciência, e não a "mando" dos fazedores de opinião, ou dos ditames das confissões religiosas ou ideológicas.

Por mim, que vou novamente votar SIM, a despenalização da IVG é um passo enorme na laicização do nosso ordenamento jurídico e penal e, consequentemente, um notório avanço democrático e mesmo civilizacional. Mas isso não significa que seja "a favor do aborto". Sou apenas CONTRA uma lei que iguala a IVG até às dez semanas a um homicídio - o que é, queira-se ou não, um monstruoso disparate, resultante da imposição de um radicalismo religioso que urge erradicar definitivamente do Estado português.

Quanto à maioria dos defensores do "não": a sua argumentação, embora esforçada, é insuficiente para me convencer de que, em termos morais, partir um ovo acabado de chocar pela galinha é igualzinho a quebrá-lo quando o pinto já está formado. No primeiro caso, temos ainda e apenas um ovo, programado para (eventualmente, se tudo correr bem), um dia ser um pinto, que já praticamente o é no segundo caso.

Se não percebem a diferença, então puxem pela cachimónia. Se acham que os que votam SIM são todos uns assassinos de crianças (ou seja, comunistas?) ou, no mínimo, uns badamecos irresponsáveis, então continuem como sempre foram. Mas enquanto há vida há esperança, por isso não desistam de aprender, nunca!...

Eu voto SIM, convictamente, conscientemente, responsavelmente e sou, obviamente, pela VIDA e respeito (e até admiro) os que, ao nível pessoal e íntimo, entendem que o aborto (não sendo embora um infanticídio, ao contrário do que diz o palerma do Ratzinger) é um atentado à Criação divina e não o pratiquem (e mesmo o desaconselhem).

Mas daí até arrogarem-se o direito de impor essa crença aos outros vai um passo de gigante: o passo da intolerância e do fanatismo!

Por isso votem bem e em consciência!