terça-feira, janeiro 15, 2008

DESIGUALDADES: ELEVAR O NÍVEL DA CONVERSA?...

A propósito deste Artigo escrevi o seguinte COMENTÁRIO:
O tema é interessante, mas a sua discussão carece de factos e números para ser construtiva.
Será que alguém pode pesquisar, ou elaborar, um gráfico simples, tipo cartesiano, representando uma distribuição das categorias de rendimentos dos portugueses? E, se possível, a sua evolução faseada nos últimos quarenta anos?
Por exemplo, apresentar o mesmo tipo de gráfico para os seguintes momentos históricos: impasse colonialista/queda de Salazar da cadeira (68), auge do "marcelismo" social (72), pico da Revolução (75), cume do sá-carneirismo (80), zénite do bloco central/políticas do F. M. I. (85), consequências do primeiro impacte do cavaquismo e da Europa (92), esplendor do guterrismo (99), regresso ao "País da tanga" (2003), actualidade (se possível, já após 2005).

É que gráficos deste tipo permitiriam comparar objectivamente não só a EVOLUÇÃO GLOBAL do nível de vida dos portugueses nestas últimas quatro décadas, tão recheadas de mudanças, como sobretudo dois outros aspectos que me parecem muito mais decisivos para o comportamento e para antever as perspectivas de evolução política e social de uma Sociedade, a saber: a DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO por classes de rendimentos e a RELAÇÃO DE EQUILÍBRIO ENTRE OS DOIS MOMENTOS, à esquerda e à direita, do eixo central de cada gráfico, eixo que seria correspondente ao RENDIMENTO MÉDIO (Rm), e os quais seriam calculados pelos dois integrais, de zero a Rm e de Rm a infinito, da função f(x).(x-Rm)dx (para quem queira pegar matematicamente no assunto, sendo por exemplo f(x) a percentagem da população que aufere uma determinada classe de rendimento...).

Perspectiva quantificada que, estranhamente, nunca vejo discutida quando se aborda a delicada questão (prosaica, mas muito oportunamente) apresentada neste Artigo! E que ultrapassaria as habituais e inúteis discussões subjectivas, do género "no tempo do x ou do y vivia-se muito melhor do que agora!..." e seria, mesmo, muito mais clara e eficaz do que as análises, meramente qualitativas e demasiado simplificadas (mas, mesmo assim, bastante úteis) que vimos nos programas do Ant.º Barreto (na série recente «PORTUGAL: UM RETRATO SOCIAL»)...

Vamos lá, mãos à obra! Será que, por exemplo, o sempre brilhante, exaustivo, diligente e honesto Tiago Mendes não está por aí à escuta?...