quinta-feira, janeiro 18, 2007

Votar sim, mas em consciência!

Lamento sinceramente que os argumentos a favor do SIM à manutenção da actual Lei sejam completamente despojados de lucidez e reflexão, antes profundamente eivados de uma reprovável cegueira irracional e emotiva.

Já todos ouvimos, (quase) todos concordamos: o aborto não é nenhum "bem", não deve ser encorajado (antes pelo contrário), merece até censura social e moral!

Mas, atenção, NÃO É ISSO que vai ser decidido no próximo Referendo!

Toda esta argumentação, todos os pressupostos da campanha do "não" (obrigado ou livre) são perfeitamente legítimos e até compreensíveis em termos éticos, ou cívicos. Mas NÃO EM TERMOS JURÍDICOS, que é o plano porém em que está colocada a presente decisão!

O Referendo não vai decidir se alguém aborta ou não, pelo contrário, uma Lei é sempre CONCEBIDA EM ABSTRACTO e não se pode legitimar partindo do particular para o geral. O Referendo não nos questiona o que nós pensamos, pessoalmente, sobre o acto de abortar, mas sim se quem o decide praticar (nas condições previstas pela proposta de alteração da Lei) deve continuar a ser perseguido pela Justiça do nosso País como ASSASSINO!!

Por isso, sejamos claros: quem pugna pelo voto "não" (obrigado ou livre) está APENAS E OBJECTIVAMENTE a defender a manutenção de uma Lei que castiga a interrupção precoce do desenvolvimento de um embrião humano ao nível de um HOMICÍDIO!

Quem votar "não" é bom que o saiba, é bom que o sinta (quero dizer, o peso dessa enorme responsabilidade), é bom que se consciencialize desse acto, porque na realidade é apenas isso que estará a decidir com o seu voto, nada mais...