Votar sim, mas em consciência!
Lamento sinceramente que os argumentos a favor do SIM à manutenção da actual Lei sejam completamente despojados de lucidez e reflexão, antes profundamente eivados de uma reprovável cegueira irracional e emotiva.
Já todos ouvimos, (quase) todos concordamos: o aborto não é nenhum "bem", não deve ser encorajado (antes pelo contrário), merece até censura social e moral!
Mas, atenção, NÃO É ISSO que vai ser decidido no próximo Referendo!
Toda esta argumentação, todos os pressupostos da campanha do "não" (obrigado ou livre) são perfeitamente legítimos e até compreensíveis em termos éticos, ou cívicos. Mas NÃO EM TERMOS JURÍDICOS, que é o plano porém em que está colocada a presente decisão!
O Referendo não vai decidir se alguém aborta ou não, pelo contrário, uma Lei é sempre CONCEBIDA EM ABSTRACTO e não se pode legitimar partindo do particular para o geral. O Referendo não nos questiona o que nós pensamos, pessoalmente, sobre o acto de abortar, mas sim se quem o decide praticar (nas condições previstas pela proposta de alteração da Lei) deve continuar a ser perseguido pela Justiça do nosso País como ASSASSINO!!
Por isso, sejamos claros: quem pugna pelo voto "não" (obrigado ou livre) está APENAS E OBJECTIVAMENTE a defender a manutenção de uma Lei que castiga a interrupção precoce do desenvolvimento de um embrião humano ao nível de um HOMICÍDIO!
Quem votar "não" é bom que o saiba, é bom que o sinta (quero dizer, o peso dessa enorme responsabilidade), é bom que se consciencialize desse acto, porque na realidade é apenas isso que estará a decidir com o seu voto, nada mais...
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