terça-feira, janeiro 15, 2008

Decisão governamental, ou ESCOLHA TECNOCRÁTICA?



A propósito deste Artigo, deixei o seguinte COMENTÁRIO:



Fala alguém (um anónimo) num suposto "ovo de Colombo" a propósito de Alcochete, afirmando "[ter sido] descoberto um local muito preferível [face à Ota] à última hora e de forma completamente inesperada (...)".
A incrível força da propaganda!...
Onde, mas ONDE é que está provado que Alcochete é "muito preferível"? Ocorre até perguntar, muito preferível para QUEM?
As conclusões do L. N. E. C. são claras: Alcochete vence a Ota em quatro critérios simples, dos sete eleitos, perdendo nos restantes três. Só isto!
Agora eu, que até sou Engenheiro Civil e trabalho em Planeamento Urbano e de Transportes há mais de vinte anos, nunca vi uma decisão ser tomada assim, SEM QUALQUER PONDERAÇÃO DOS CRITÉRIOS TÉCNICOS! O que significa, simplesmente, que quem tomou efectivamente esta decisão "preliminar" NÃO FOI O GOVERNO, mas sim o L. N. E. C.: pois então, viva a TECNOCRACIA!
Imagine-se agora que os critérios eram só seis (ou oito, ou qualquer outro número par) e que havia um empate "simples", isto é, continuando sem haver ponderação de critérios. O que faria o Governo nessa situação? Correria a especializar-se em análises multi-critério (no que poderia sempre, aliás, contar com a competente ajuda do Prof. José Manuel Viegas, ou de qualquer outro dos meus ilustres ex-Professores, como o Prof. Bana e Costa...)?
Concluindo, duas coisas, pelo menos, resultam bem claras deste Estudo: a Ota, afinal, sempre era UMA OPÇÃO TECNICAMENTE VÁLIDA (e, até, a MELHOR DE TODAS AS ANTERIORMENTE ESTUDADAS!) - e aqui, santa paciência, os senhores professores engenheiros que escreveram a esmo cobras e lagartos sobre esta opção já se deveriam ter publicamente retractado, ou então saído a contestar o seu Laboratório!!! - e as diferenças de custos entre ambas as opções são marginais, INFERIORES A DEZ POR CENTO, o que desvaloriza fatalmente o critério dos custos face àqueles onde as diferenças SÃO EFECTIVAMENTE DETERMINANTES (falo das questões ambientais e de Ordenamento do Território)!!!
Bem, é muito triste constatá-lo, mas se isto resulta de um Governo chefiado por um licenciado em engenharia, parece que seria preferível voltarmos aos habituais juristas ou economistas...
QUANTO A LISBOA, e ao contrário do que possa transparecer das análises mais simplistas, a localização do novo Aeroporto NÃO É UM PROBLEMA EXCLUSIVO DA CIDADE, mas sim da nossa REGIÃO! Pode também interessar-lhe, como interessará por exemplo à Amadora, a Almada, a Torres Vedras, ou a Sintra, mas é fundamentalmente uma questão REGIONAL. O que acontece é que, infelizmente, a Região ainda "não existe" politicamente!
Existem apenas, lamento dizê-lo, os senhores autarcas que, à falta de verdadeiros poderes regionais, legítimos e democráticos, se vêm agora colocar em bicos de pés, pateticamente, seja na outra banda a rejubilar com "amanhãs cantantes", seja no Oeste a preparar já o choradinho das "compensações" para as suas respectivas e santas terrinhas...
Quanto ao que interessa de específico ao Município de Lisboa, directa e claramente, é sobretudo o DESTINO DOS TERRENOS DA PORTELA, tema que já foi abordado, isolada e corajosamente, por Ant.º Costa, na última campanha eleitoral, onde disse o que é óbvio mas custa a engolir: o destino dos terrenos da Portela será aquele que a C. M. L. quiser, dado que dispõe legalmente da faca e do queijo sobre este assunto, nomeadamente através do seu PLANO DIRECTOR MUNICIPAL (em eterna fase de "revisão"...)!
Esperemos agora que não tenha sido apenas uma promessa eleitoral. Os eleitores mais atentos não vão, seguramente, esquecê-la...