Pesadelo de uma noite de Verão?
O ESTATUTO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES
O estranho caso da última comunicação oficial da Presidência da República ao País é exemplar de como, por vezes, a forma oblitera completamente o conteúdo!…
Sua Excelência o Senhor Presidente da República aparece numa noite a meio do Verão (não, não é um sonho…) a falar à Nação de surpresa sobre um “assunto muito importante”, mas que a maioria dessa mesma Nação menospreza ou ignora, delapidando gratuitamente o seu estatuto de respeitosa distância e levando os portugueses a questionarem-se, perplexos e preocupados:
- Mas, se o tema da prelecção era tão cifrado e específico, por que não deixar-nos em sossego e tratar dele com quem de Direito (ou seja, a A. R., obviamente)?;
- Ou pior, se o tema da prelecção era mesmo do interesse geral dos portugueses e o que está em causa é assim tão elevado, porquê uma intervenção só agora e neste despropósito, quando houve ocasiões bem mais propícias num passado recente?
- Mais grave ainda, como é que o Povo em geral e a classe político-jornalística em particular não se aperceberam do extraordinário facto que é, pela primeira vez na nossa História democrática, o Presidente da República em exercício vir a terreiro discordar de uma aprovação UNÂNIME da Assembleia da República e vergastar rudemente o próprio Tribunal Constitucional, recebendo como resposta um acabrunhado “- Tá bem, Papá…” de TODOS os Partidos parlamentares e o aplauso de vários constitucionalistas reputados?
- Das duas uma, ou os Partidos parlamentares andam mesmo muito distraídos e a brincar com o fogo, ou então o Presidente eleito não tem a mínima noção de como deve dirigir-se a eles e à Ass. da República ou, mais do que isso, à Nação a quem presta contas, correndo o risco de não ser devidamente levado a sério quando aparecer de novo, em frente às câmaras, de ar grave e circunspecto…
Convenhamos que qualquer das hipóteses é de gelar o Verão!...
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