quarta-feira, janeiro 31, 2007

PORQUE “SIM”!

Para além da questão propriamente dita que vai ser respondida no referendo do próximo dia 11, o que estará em causa nessa escolha popular vai ter um significado político e ideológico muitíssimo mais profundo, que tentarei desenvolver em próximo artigo.

Por agora, muito sinteticamente e apenas para dar início “formal” à campanha, limito-me a constatar o facto evidente que é, passada que está a pré-campanha, poderem os argumentos e as forças políticas e, sobretudo, sociais que defendem o “sim” e o “não” facilmente agrupar-se, grosso modo, respectiva e quase coincidentemente com aqueles e aquelas que se regozijaram ou que lamentaram a Revolução do 25 de Abril!

Obviamente que não só, mas também muito por isso, neste “blogue” não se defende “o aborto”, mas pugna-se claramente pelo VOTO “SIM”!

3 Comments:

Blogger Helena Romão said...

Pois claro que sim!

Quanto ao que isso tem a ver com o 25 de Abril é que já não sei... A mim parece-me que o significado ideológico mais profundo, e que não tem sido debatido, é o da auto-determinação, liberdade e independência das mulheres. Como aquando do aparecimento da pílula, com argumentos que indicam claramente que não se respeita a capacidade da mulher decidir, sozinha e sem qualquer permissão, se e quando quer ter filhos.
Esse é o debate que às vezes vejo por detrás do Não e do Sim: a aceitação ou não da sexualidade da mulher, independente da vontade de outro, independente da reprodução.

3:28 da manhã  
Blogger Ant.º das Neves Castanho said...

Pois é, muito se passou desde a nossa última conversa sobre este assunto, no Teatro da Comuna, em 98, nas vésperas do outro referendo, em que eu defendia acerrimamente o "não" e depois, na manhã do próprio dia, acabei por votar SIM!...

Acho que tens razão no que dizes neste comentário.

Mas para mim essa é uma perspectiva secundária face àquilo que relacionei com o 25 de Abril: basta olhar para os argumentos e as faces do "não" e do "sim" para perceber bem que continua a haver uma forte clivagem social entre "direita" e "esquerda" ideológicas em Portugal, que "a luta continua" APÓS O REFERENDO e que, mais uma vez, iremos ter oportunidade de avançar no sentido do progresso, ou estagnar, relativamente, já que em termos absolutos isso significa retroceder historicamente!

E esse combate sem fim, passado, presente e futuro sob esta ou variadas outras formas é aquilo que, acima de tudo, me motiva e justifica este "blogue", no qual se integra aliás a "luta parcelar" constituída pela questão que tu enfatizas...

7:24 da tarde  
Blogger A.Mello-Alter said...

DESPENALZAR SEM LEGALIZAR
'Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”

Marcelo Rebelo de Sousa critica a pergunta chamando-a "mentirosa, porque aquilo que se pergunta é se é a favor ou contra a lei do PS.”, “Se fosse a despenalização, eu concordaria. Isto é, não haver pena de prisão para a mulher”
A justificação para o “Assim Não”

Eu tenho um profundo respeito pela inteligência brilhante do Professor Marcelo. Ouço-o sempre com muito interesse. Mas esta é mais uma das muitas vezes em que não posso concordar com ele. Não alinho com a “carneirada” que votou favoravelmente a pergunta no Parlamento, e agora “vira-a-casaca” e segue-o.
Tristes deputados, estes.

A posição do professor, “despenalizar”, é muito coerente com o extracto social donde provém. È a área das senhoras bem, que quando se deparam com esse “problema”, voam para Londres, Paris ou Bruxelas, instalam-se numa Clínica Luxuosa, e na volta, ainda aproveitam para fazer umas “comprinhas” de Griffe. E aí estão elas, lindas, boas cidadãs, porque de consciência limpa. Para elas há muito que é legal.
As outras?
As que têm que abortar em condições miseráveis?
As que põem em risco a saúde e a estabilidade das suas famílias?
Essas, que se lixem.

Uma posição indigna de um tão brilhante pensador.

8:39 da tarde  

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