quarta-feira, junho 13, 2007

AGORA ALCOCHETE!



Mais seis meses para, finalmente, se... “chutar à baliza”?
(ou as consequências de uma decisão importante)

DIA DE PORTUGAL + 1 (11 de Junho de 2007): Céu muito nublado...

O Governo dá seis meses a um organismo especializado competente (o L. N. E. C. – Laborat. Nacion. de Eng.ª Civil) para estudar a viabilidade técnica de uma “nova” hipótese de localização do futuro Aeroporto de Lisboa. Sim, depois de já ter sido tomada uma decisão “final” sobre este assunto, há oito anos (nunca contestada pelos Governos posteriores)!

Esta "nova" hipótese de localização, porém, não é verdadeiramente nova: já existia aquando da realização de todos os estudos precedentes (é um campo de tiro militar). Porquê então estudá-la agora (ou voltar a estudá-la?...)?

Porque a Oposição parlamentar, os meios de comunicação (a opinião dita pública), uma corporação industrial e um vasto conjunto de "especialistas" pressionaram o Presidente da República para interferir neste assunto, que é da exclusiva competência do Governo!

Mas, agora, VAMOS AO QUE IMPORTA. O que acontecerá a seguir? Vejamos.

Se daqui por seis meses (se o prazo for cumprido...) não for demonstrada a referida viabilidade técnica, o Governo tem ainda várias opções possíveis:

1ª) avançar, finalmente, com a construção do Aeroporto da Ota (desperdiçando-se embora mais seis meses, pelo menos);

2ª) mandar estudar a viabilidade técnica (num prazo de seis ou mais meses) de “novas” localizações que entretanto “surjam” (quem sabe até se nalguma nova ilhota no Mar da Palha, de preferência plana, formada por uma súbita erupção vulcânica…);

3ª) re-avaliar de novo todo este processo, mediante a consideração de terceiras alternativas reclamadas pela “sociedade civil”, tais como a “Portela mais um” (ou “Portela mais dois”, ou “Portela mais três”, ou mesmo “Portela mais n”), ou que, entretanto, sejam eventualmente alvitradas de novo pela Confederação da Indústria, ou pela Confederação do Comércio, ou pela Confederação da Agricultura, ou pela Ordem dos Engenheiros, ou pela Ordem dos Arquitectos (e das Arquitectas), ou pela Ordem dos Biólogos, ou pela U. G. T., ou pela “Intersindical”, ou até, quem sabe, pelo próprio Presidente da República!...

Por outro lado, veja-se agora o que poderá acontecer no caso (muito provável) de, daqui a seis meses, vir a ser demonstrada a viabilidade técnica da hipótese Alcochete, dando ao Governo ainda mais alternativas (todas exigindo mais e mais tempo), para além das já enunciadas, nomeadamente:

1ª) Mandar efectuar um estudo técnico comparativo entre as duas soluções então declaradas viáveis, Ota e Alcochete (somar mais seis a doze meses?);

2ª) Mandar efectuar um Estudo de Impacte Ambiental para a solução Alcochete, que avalie a dimensão dos problemas que se antevê venham a existir com a Comissão Europeia (no caso de esta solução violar, como se prevê, normas comunitárias sobre a matéria), propondo igualmente as indispensáveis medidas de minimização dos impactes ambientais (adicionar mais um a dois anos?);

3ª) Estudar modelos alternativos de financiamento para o novo Aeroporto em Alcochete, que permitam ultrapassar uma eventual perda dos importantíssimos fundos comunitários, destinados à construção do mesmo, pelo motivo indicado no número anterior (acrescentar mais cinco a dez anos?)!

O Povo enfim sossega, os industriais ficam descansados, o Presidente da República tranquilizado, a Oposição triunfante, os jornalistas e comentadores políticos exultantes...

Mas alguém ainda acredita que, por este andar, algum dia gritaremos “GOLO!”?...

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(artigo “dedicado”, entre outras personalidades, a Miguel Sousa Tavares, ao Prof. Eng.º José Manuel Viegas, ao Eng.º Luís Leite Pinto e ao ex-Presid. da C. M. de Lisboa, Eng.º Carmona Rodrigues)