quinta-feira, março 15, 2007

OS MITOS SOBRE A REGIONALIZAÇÃO (1/5)

Introdução

Fala-se aqui sempre das vantagens e benefícios da implementação da Regionalização em Portugal Continental, mas a verdade é que muito pouco se tem escrito sobre os principais argumentos dos seus detractores, ou dos que simplesmente se declaram cépticos. Talvez seja tempo de analisar e ter em conta estes argumentos, para se procurar compreender melhor “o outro lado” desta questão.

Para as pessoas que são contrárias à Regionalização, ou se manifestam muito cépticas – mas não por qualquer razão egoísta ou de interesse próprio, antes de um modo convicto e intelectualmente honesto –, parece-me serem QUATRO os principais argumentos de que se socorrem para justificar essa sua posição: 1) O fomento da desunião nacional; 2) O aumento da despesa pública; 3) A pequena dimensão do País e 4) A inexistência de uma proposta de implementação razoável.

Como eu também estou nesta discussão de boa-fé e sem qualquer interesse pessoal, a não ser a um nível meramente intelectual, incomoda-me o facto de o debate emperrar quase sempre nestes quatro argumentos “fatais”, quanto a mim muito mais por culpa nossa, já que talvez não os valorizemos e contradigamos na sua justa e necessária medida.

Como, por outro lado, estou convencido de que esses argumentos são facilmente rebatíveis usando apenas a lucidez e a lógica cartesiana, sem necessidade de ir tirar nenhum curso superior (ou de “doutrinação” ideológica…), prefiro ao invés designar esses argumentos por “mitos”, pois me parece que foram artificialmente originados por quem não está, por uma razão ou por outra, interessado no avanço desta reforma essencial para a modernização do País.

Urge assim “desmistificar” estes quatro “argumentos-mitos”, para que a discussão sobre este tema – que estará já “amanhã” na ordem do dia! – possa, enfim, recentrar-se num nível racional, desapaixonado e construtivo, antes de se passar à fase das grandes (e irreversíveis) decisões políticas e eleitorais.

(continua)

1 Comments:

Blogger Philomela said...

Nada teria a opor a um processo de regionalização mas creio que o que nos empurra para essa solução é precisamente o que a torna verdadeiramente indesejável: a corrupção já parece fazer parte do património genético português. Um estado guiado por rigores éticos não faria supor a necessidade de criação de regiões, pelo contrário dar-se-ia mais ênfase à tradição municipal do país.
Olhando para as regiões autónomas (e garanto que conheço muito bem uma delas)apenas me posso assustar com a perspectiva da multiplicação desses "aparelhos". O que me desgosta não é a ideia, em si interessante, de tornar as regiões mais autónomas na sua gestão mas o conhecimento que tenho de quem gere os destinos do país. Esperar que por regionalizar a classe política se irá redimir dos constantes pecados de nepotismo, peculato, corrupção activa e passiva, favorecimento pessoal, lobismo e quejandos será acreditar no Pai Natal. Antes de regionalizar há que moralizar, defender uma governação mais ciente das suas responsabilidades, estabelecer uma consciência ética extensível a todos os cidadãos. Utopia? Não menos que o sonho de uma regionalização que nos traga benefícios.

9:59 da tarde  

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