sexta-feira, junho 24, 2005

APANHADOS, só do último mês

ü O Ministro da Saúde, face ao indicador de que a taxa de contaminação no Hospital de São João (no Porto) é o dobro da média nacional, logo concluí-o que o problema está nos técnicos e profissionais de saúde deste hospital: "há muitas mãos que não são lavadas, muitas luvas que protegem o profissional, mas que transportam a infecção de um doente para outro" (DN).
O administrador do hospital tentou impingir-nos, numa atitude que todos percebem ser corporativista, argumentos como o de "condições precárias de um edifício concebido há quase 100 anos" e "instalações sanitárias a servir 30 doentes, enfermarias de oito ou mais camas, pacientes a dormir em corredores", que todos percebemos que “não têm ponta por onde se pegue”, claro!
Desta diferença de opiniões ficamos pelo menos esclarecidos quanto ao facto desta tradição de os Governos Portugueses serem dos maiores da Europa: também em quantos países é que os Ministros têm esta escala de preocupações, quantos é que se preocupam com a lavagem das mãos dos seus funcionários???

ü Sobre as cheias de Verão na China, são sucessivas as notícias sobre a sua capacidade destruidora: “as autoridades revelaram que as fortes chuvas, as cheias e o deslizamento de terras destruíram mais de 130 mil casas e 1.8 milhões de hectares de terra agrícola.” (JN)
“As primeiras inundações começaram há três dias, depois de 12 horas seguidas de precipitação intensa. A época de chuvas arrancou oficialmente na quinta-feira e a previsão aponta para condições piores do que no ano passado. Em 2004, morreram mais de mil e trezentas pessoas nas chuvas de Verão.” (SIC)

ü Em entrevista à SIC Notícias, Maria de Lurdes Rodrigues, confrontada com o facto de um tribunal de Lisboa e um dos Açores terem tido decisões diferentes sobre a questão dos serviços mínimos sobre a greve dos professores, disse que os dois tribunais pertencem a sistemas diferentes.
«É um pronunciamento sobre um despacho do Governo Regional de um tribunal dos Açores, que não é de Lisboa nem respeita à República Portuguesa, portanto não respeita ao nosso sistema» (TSF online), explicou.
É evidente, e todos percebemos que o que se passa nos Açores não tem nada a haver com a República Portuguesa. Nós já andávamos desconfiados por causa da Madeira, agora se a Ministra diz que o sistema dos Açores não tem nada a haver com o de Portugal, pronto! Assunto encerrado.

ü Cheias também no Brasil: “Entretanto, 30 pessoas morreram, mais de 30 mil estão desalojadas e 15 mil desabrigadas, devido às fortes chuvas que caíram nos últimos dias, no Estado de Pernambuco, no Brasil.” (JN)

ü Nas nossas coordenadas geográficas, o mês de Maio não é propriamente um período de baixas temperaturas. Aliás antecede o fim das aulas e o início das “férias grandes / de Verão”. O calendário de muitas outras actividades também está relacionado com este facto. Este é o momento em que acabam os campeonatos de futebol (super liga e taça).
No fim deste Maio cruzei-me com inúmeras pessoas em Lisboa usando cachecol e gorro de lã. Também em Setúbal as televisões mostravam a utilização destas peças de vestuário de Inverno. E a preocupação é tal que muitos carros traziam cachecóis na parte de trás, não fossem os proprietários necessitar dele a qualquer momento devido ao a qualquer alteração do estado do tempo…

ü Espanha enfrenta o ano mais seco das últimas seis décadas (SIC Online)

E com tudo isto, há pessoas que resistem à ideia de estarmos num período de profundas alterações climáticas. Não é evidente que elas estão aí e já afectam muito gravemente muitos? Então esta malta não anda um bocado apanhada? Não há sinais graves directamente do conselho de Ministros? Não estamos todos “apanhados do clima”?

António Sérgio Manso Pinheiro
Junho de 2005

1 Comments:

Blogger Ant.º das Neves Castanho said...

Temas algo diferentes...

Quanto às alterações climáticas, registo apenas a minha preocupação, que já não é de agora, e a convicção de que, se não dermos importância a este assunto, ele também não dará importância nenhuma às nossas medidas, quando as tomarmos (tarde demais?...). Por mim, acho que está na altura de decidir se queremos ter Futuro, ou se, já que a Terra, tal como a conhecemos, um dia há-de desaparecer, preferimos antecipar esse tempo uns milhões de anitos...

Quais eram os outros temas (lá está, o resultado da dispersão...)?

Ah, a escala de preocupações dos Ministros: qual é a admiração? Não se esqueçam de que o Governo de Portugal está apenas um "passo" administrativo acima do Município de Vila Nova de Poiares (ou de outro qualquer), graças ao Douto Professor Marcelo e muitos outros distintos "opositores da Regionalização"...

Por último (e até tem a haver com o assunto anterior, calha mesmo bem...), um lapso da Ministra da Educação (coitada, também é humana, penso eu, que nunca a vi...), logo aproveitado oportunisticamente pelas sumidades do "sistema" e pelos abutres da comunicação social. Mas ela tem razão! Pois tem. Embora se tenha exprimido mal, ela apenas constatou uma verdade: a decisão do Tribunal dos Açores refere-se a uma decisão semelhante do Governo Regional, mas não excatamente à decisão concreta do Ministério da Educação.

Por isso, não brinquem com a ignorância (fomentada, pois é...) do Zé Povito, coitado, que ele não é tão tosco como certas "inteligências" julgam...

6:41 da tarde  

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