quarta-feira, novembro 07, 2007

LEMBROU-NOS SANTANA LOPES...

Fez ontem vinte e dois anos que o P. S. D., com Cavaco ao leme, teve a sua primeira vitória eleitoral: 29% dos votos contra 20% do P. S. (com Almeida Santos à frente), 18% do surpreendente P. R. D. e o resto dividido (mais ou menos irmãmente) entre comunistas (ainda com Cunhal) e centristas (na altura capitaneados, talvez, por Adriano Moreira).



Fez bem Santana Lopes em recordar-nos essa farsa que foi o P. R. D. - não basta ter votos, há que saber usá-los (veja-se o exemplo oposto, bem esclarecedor, dos primórdios do Bloco de Esquerda). Não contente com a sua nulidade e falta de identidade própria - quem não se lembra da rábula de os seus milhentos Deputados não se quererem sentar na Assembleia à esquerda dos socialistas? -, acabou por ficar na História por um único e bem triste motivo: precipitar a queda do Governo, conduzindo Cavaco em triunfo à sua primeira maioria absoluta, a 19 de Julho de 87! Simultânea ao descalabro do mesmo protagonista P. R. D., que conseguiu a estimulante proeza de, em menos de dois anos, passar de 18% para 5%! E quatro anos depois finar-se...


Isto prova duas coisas essenciais em política:


1ª) não basta saber o que se não quer, é preciso saber bem para onde se quer ir;

2ª) a arrogância e o autismo pagam-se caros: sem uma alternativa credível, nunca se deve derrubar um Governo!


Passados estes vinte e dois anos, cada vez mais me convenço de que Portugal teria sido muito diferente, para melhor, se nunca tivesse existido o P. R. D. e se o primeiro Governo de Cavaco Silva, minoritário mas sem dúvida o melhor dos seus três, tivesse podido concluir a Legislatura sem os tiques de autoritarismo dos que se lhe seguiram...